quinta-feira, 23 de junho de 2011

A Música Na Idade Média: Motetos




No século XIII, as vozes mais altas da clausulae começaram a receber palavras independentes do texto.  O duplum passou a ser conhecido como motetus (do francês mots, que significa “palavras”), assim surgiu um tipo de música popular chamada Moteto.

Palavras seculares passaram a ser usadas pelo fato de que muitas dessas composições foram elaboradas para serem cantadas fora da Igreja. Sobre uma clausula, adicionava-se uma terceira voz (triplum) escrita com uma notação mais rápida. Esta tinha palavras indepedentes, às vezes até em outras línguas.  O triplum poderia se ajustar ao tenor ou ao duplum, mas não precisava necessariamente adequar-se aos dois e isso às vezes gerava conflitos dos mais dissonantes.

Referências Bibliográficas:
BENNET, Roy. Uma Breve História da Música.

domingo, 19 de junho de 2011

A Música Na Idade Média - Escola De Notre-Dame


No século XII, Paris tornou um importante centro musical. Isso aconteceu depois do início da Catedral De Notre-Dame. As partituras de Organum alcançaram um admirável grau de elaboração com um grupo de compositores pertencentes a “Escola De Notre-Dame”. Porém apenas dois nomes desses compositores chegaram até nós: Léonin, que foi o primeiro mestre do coro da catedral e Pérotin, que foi o seu sucessor e trabalhou de 1180 até cerca de 1225.




Léonin escreveu muitos organa (plural de organum) com base em cantos das festividades da Igreja, como a Páscoa e o Natal. O compositor escolhia a composição e considerava como tenor a parte que tivesse apenas uma ou duas notas em cada sílaba, atribuindo-lhes valores extremamente longos, tão longos que possivelmente os tenores de Notre-Dame fossem auxiliados ou até mesmo substituídos por instrumentos como o órgão ou os sinos. Acima dessa linha, o compositor escrevia um solo, agora com um tipo de notação mais rápida. Essa segunda linha se chamava duplum. Quando chegava a um segmento do canto original dotado de melisma, o Léonin colocava o tenor dentro do mesmo ritmo. Esse estilo de composição é conhecido como descante e parte do organum no qual isso ocorria se chama clausula.

A única referência escrita a um músico chamado Léonin foi registrada mais de um século após sua morte por um monge britânico anônimo, que o descreveu como "o maior compositor de organum para amplificação do serviço divino".

  
Pérotin revisou um grande número de organa de Léonin, enriquecendo-os e modificando-os afim de torná-los estilisticamente mais modernos. A um organum duplum ele podia acrescentar uma terceira voz (triplum) ou até mesmo uma quarta (quadruplum). Além disso compôs diversas clausulae: algumas em substituições de outras já existentes em organa anteriores e outras a serem executadas como peças independentes.


Fontes:
Uma Breve História Da Música – Roy Bennet
http://pt.wikipedia.org/wiki/Perotin
http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%A9onin

quarta-feira, 15 de junho de 2011

A Música Na Idade Média: Organum



O Organum é um dos vários estilos de polifonia, envolve a adição de uma ou mais vozes ao Cantochão.  A palavra vem do grego (órganon) que é a origem da palavra órgão.

Geralmente a melodia do Cantochão é acompanhada de outra voz para embelezar a harmonia. A voz principal (vox principalis) segue o Cantochão, enquanto a segunda voz harmoniza paralelamente, iniciando e terminando a melodia junto à tônica da escala da melodia principal. As notas vão se separando conforme a melodia progride, até atingirem intervalos de 4ªs e 5ªs, continuam o canto assim e próximo ao fim vão se juntando novamente, até terminarem a melodia juntas, na tônica da escala. Essa segunda voz se chama vox organalis. Somente a voz principal tinha uma notação escrita, a segunda voz improvisava.

Esta técnica antecedeu a polifonia de contraponto e foi usada com grupos maiores do que duas vozes; mas mesmo quando em grupos, as vozes dividiam-se em partes que somente duplicavam a voz principal e uma só voz cantava o Organum. Esta técnica foi desaparecendo conforme o avanço à polifonia expandiu a escrita na composição musical.

O Cantochão era a música oficial da Igreja na Alta Idade Média e tinha como característica a monofonia, ou seja, todas as vozes de um coro cantavam a mesma linha melódica. Porém no ambiente profano surgiu a música cânone, onde as vozes cantavam a mesma melodia, mas entravam em compassos diferente, como se cada voz perseguisse a que começou a cantar antes. Provavelmente foi essa a origem das primeiras idéias para uma nova organização musical, a polifonia, que é a técnica de cantar melodias diferentes ao mesmo tempo. Num primeiro instante (século IX), foi acrescentado à voz principal (vox principalis), que era um Cantochão, uma segunda voz, a voz organal (vox organalis), que consistia numa duplicação da voz principal uma quarta ou quinta abaixo, o que dá a essa música a sonoridade característica da época medieval.

Organum Paralelo:  

Os organa paralelos são as primeiras obras polifônicas que se tem notícia. Datam do século IX. Consistiam na duplicação de um cantochão, cantado pela vox principalis, pela vox organalis, normalmente uma quarta ou quinta abaixo. Uma outra forma seria a duplicação da vox principalis uma oitava abaixo e a duplicação da vox organalis acima das outras três.

Organum Livre:

Desenvolvimento do organum paralelo. No século XI observava-se os movimentos das vozes em paralelo, oblíquo, contrário e direto. As notas não eram executadas somente em estrito contraponto. A vox organalis passa a ser escrita acima da vox principalis.

Organum Melismático:

Séc. XII. O tenor mantinha as notas longas enquanto a vox organalis se desenvolvia suavemente através de notas mais curtas acima (melisma é o nome que se dá a um grupo de notas cantadas para apenas uma sílaba do texto).


Fonte:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Organum#Organum_paralelo

terça-feira, 14 de junho de 2011

A Lenda De Orfeu



Na mitologia gregaOrfeu era poeta e músico, filho da musa Calíope e de Apolo ou Eagro, rei da Trácia. Era o músico mais talentoso que já viveu. Quando tocava sua lira, os pássaros paravam de voar para escutar e os animais selvagens perdiam o medo. As árvores se curvavam para pegar os sons no vento. Ganhou a lira de Apolo.
Foi um dos cinquenta homens - os argonautas - que atenderam ao chamado de Jasão para buscar o Velocino de Ouro. Acalmava as brigas que aconteciam no navio com sua lira. Durante a viagem de volta, Orfeu salvou os outros tripulantes quando seu canto silenciou as sereias, responsáveis pelos naufrágios de inúmeras embarcações.
Orfeu apaixonou-se por Eurídice e casou-se com ela. Mas Eurídice era tão bonita que, pouco tempo depois do casamento, atraiu um apicultor chamado Aristeu. Quando ela recusou suas atenções, ele a perseguiu. Tentando escapar, ela tropeçou em uma serpente que a mordeu e a matou. Por causa disso, as ninfas, companheiras de Eurídice, fizeram todas as suas abelhas morrerem.
Orfeu ficou transtornado de tristeza. Levando sua lira, foi até o Mundo dos Mortos, para tentar trazê-la de volta. A canção pungente e emocionada de sua lira convenceu o barqueiro Caronte a levá-lo vivo pelo rio Estige. A canção da lira adormeceu Cérbero, o cão de três cabeças que vigiava os portões. Seu tom carinhoso aliviou os tormentos dos condenados. Encontrou muitos monstros durante sua jornada, e os encantou com seu canto.
Finalmente Orfeu chegou ao trono de Hades. O rei dos mortos ficou irritado ao ver que um vivo tinha entrado em seu domínio, mas a agonia na música de Orfeu o comoveu, e ele chorou lágrimas de ferro. Sua esposa, a deusa Perséfone, implorou-lhe que atendesse o pedido de Orfeu. Assim, Hades atendeu seu desejo. Eurídice poderia voltar com Orfeu ao mundo dos vivos. Mas com uma única condição: que ele não olhasse para ela até que ela, outra vez, estivesse à luz do sol


Orfeu partiu pela trilha íngreme que levava para fora do escuro reino da morte, tocando músicas de alegria e celebração enquanto caminhava, para guiar a sombra de Eurídice de volta à vida. Ele não olhou nenhuma vez para trás, até atingir a luz do sol. Mas então se virou, para se certificar de que Eurídice o estava seguindo.
Por um momento ele a viu, perto da saída do túnel escuro, perto da vida outra vez. Mas enquanto ele olhava, ela se tornou de novo um fino fantasma, seu grito final de amor e pena não mais do que um suspiro na brisa que saía do Mundo dos Mortos. Ele a havia perdido para sempre. Em desespero total, Orfeu se tornou amargo. Recusava-se a olhar para qualquer outra mulher, não querendo lembrar-se da perda de sua amada. Posteriormente deu origem ao Orfismo, uma espécie de serviço de aconselhamento; ele ajudava muito os outros com seus conselhos , mas não conseguia resolver seus próprios problemas, até que um dia,furiosas por terem sido desprezadas, um grupo de mulheres selvagens chamadas Mênades caíram sobre ele, frenéticas, atirando dardos. Os dardos de nada valiam contra a música do lirista, mas elas, abafando sua música com gritos, conseguiram atingi-lo e o mataram. Depois despedaçaram seu corpo e jogaram sua cabeça cortada no rio Hebro, e ela flutuou, ainda cantando, "Eurídice! Eurídice!"
Chorando, as nove musas reuniram seus pedaços e os enterraram no monte Olimpo. Dizem que, desde então, os rouxinóis das proximidades cantaram mais docemente que os outros. Pois Orfeu, na morte, se uniu à sua amada Eurídice.
Quanto às Mênades, que tão cruelmente mataram Orfeu, os deuses não lhes concederam a misericórdia da morte. Quando elas bateram os pés na terra, em triunfo, sentiram seus dedos se espicharem e entrarem no solo. Quanto mais tentavam tirá-los, mais profundamente eles se enraizavam. Suas pernas se tornaram madeira pesada, e também seus corpos, até que elas se transformaram em carvalhos silenciosos. E assim permaneceram pelos anos, batidas pelos ventos furiosos que antes se emocionavam ao som da lira de Orfeu, até que por fim seus troncos mortos e vazios caíram ao chão.
Algumas interpretações deste mito, dizem que as pessoas que se dedicam a ajudar os outros, (Psicologia, psiquiatria, assistente social e até mesmo aqueles que fazem muita caridade), são pessoas que reconhecem que sofrem ou sofreram algum problema grave e agora buscam estas áreas tentando evitar que os outros, sofram o que eles sofreram, ou seja, é aquele que cura, mas que não consegue se auto curar.Dizem ainda que no fundo essas pessoas estão se auto enganando, pois evitar que os outros sofram, não vai apagar o que eles mesmos sofreram.

Referência:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Orfeu

A Música Na Idade Média: Musica Enchiriadis & Scolica Enchiriadis



  

Musica Enchiriadis (“Manual Da Música”) é um tratado anônimo do século IX, que tentou estabelecer regras na polifonia primitiva da Música Ocidental.  O Scolica Enchiriadis serve de comentário ao primeiro manual.

Esses dois tratados circularam em manuscritos medievais junto com o “De Institutione Musica”, de Boethius. O Musica Enchiriadis tem 19 capítulos, os primeiros nove discutem notação musical, modos e o Cantochão monofônico. Os capítulos 10 a 18 falam sobre a polifonia, como os intervalos consonantes devem ser usados para improvisar ou compor na música polifônica da Idade Média. Esses intervalos identificados no tratado são de 4ªs, 5ªs e 8ªs justas, alguns de 3ªs e 6ªs. O tratado também mostra algumas regras para a execução musical. O capítulo 19 descreve a lenda de Orfeu.

Apesar de o Scolica Enchiriadis ser apenas um comentário do Musica Enchiriadis, é quase 3 vezes maior que ele. Muito da teoria discutida no tratado se deve ao reconhecimento das concepções musicais de Agostinho De Hipona, especialmente sobre suas afirmações da importância da matemática para a música.

A escala usado no trabalho, baseada num sistema de tetracórdes, parece ter sido criada somente para uso na própria obra. O tratado também usa um muito raro sistema de notação, conhecido como notação muscical dasiana. Esta notação possui um número de símbolos que são rodados em 90 graus para representar diferentes sons.



Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Musica_enchiriadis
http://pt.wikipedia.org/wiki/Scolica_enchiriadis

segunda-feira, 13 de junho de 2011

A Música Na Idade Média: Polifonia


  
É uma técnica musical, onde duas ou mais vozes se desenvolvem preservando um caráter melódico e rítmico individualizado, de forma a criar acordes nítidos. A palavra polifonia vem do grego e significa várias vozes.

Desde a antiguidade a música foi feita de maneira homofônica, ou seja, a melodia seguia uma forma única e linear. No século X se iniciou a idéia de sobrepor vozes em intervalos de oitavas e quintas.  Esse processo se desenvolveu e teve seu apogeu no século XV, quando o contraponto musical foi altamente difundido. Contraponto é a técnica de cantar melodias diferentes ao mesmo tempo. Isso resultou numa forma musical nova e com essa nova técnica surgiu a harmonia.

As primeiras obras polifônicas surgiram na alta Idade Média, em ambientes profanos, sob a forma de cânones. A prova mais antiga existente de uma tentativa para estabelecer regras na polifonia primitiva da música ocidental se encontra em um método publicado no século IX com o título em Latim, Musica Enchiriadis.

Fonte:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Polifonia

sexta-feira, 10 de junho de 2011

A Música Na Idade Média: Cantochão



A prática monofônica utilizada nas liturgias cristãs se chama Cantochão.  As melodias se desenvolvem suavemente, sendo utilizados intervalos próximos como segundas e terças, o ritmo se baseia na prosódia dos textos em latim. É uma música de entonações, sem compassos e harmonia definidos, executada por coros em uníssono e usada em cerimônias religiosas católicas.

É a forma de música ocidental mais antiga que existe e ainda é utilizada hoje, cantada em mosteiros e por coros leigos do mundo todo. A teoria ocidental tem seus principais fundamentos no Cantochão.

O termo surgiu no século XIII, para diferenciá-lo das práticas de canto com ritmo mensurável.  Devido a uma imprecisão terminológica ainda se conceitua Cantochão como sinônimo de Cantos Gregorianos. Isso se dá em grande parte pelo fato de que o repertório gregoriano, quando restaurado pelo mosteiro de Solesmes, foi a prática de cantochão tomada como padrão na Igreja Católica a partir do início do século XX.  A expressão Canto Gregoriano surgiu quando o papa Gregório I Magno compilou os cantos tradicionais e regulamentou sua execução conforme o calendário litúrgico da Igreja Católica.





O Cantochão pode ser dividido quanto a categoria, forma e estilo: quanto a categoria pode ser dividido com os que cantam textos bíblicos e os que usam textos não bíblicos; e cada um destes pode ainda ser dividido nos que usam texto em prosa e os que usam textos poéticos.
 

Exemplos:
 Categoria:
  Textos bíblicos:
  Textos em prosa (as lições do Oficio Divino, as epístolas e o Evangelho da missa).
  Textos poéticos (os Salmos e os Cânticos).
 Textos não bíblicos:
  Textos em prosa (o Te Deum e várias antífonas incluindo as marianas)
 Textos poéticos (os hinos e as sequências de cultos e Missas)

O Cantochão pode também ser classificado em sua forma (como cantado):

Forma:
  Antifonal: dois coros cantam versos com um refrão, alternadamente;
  Responsorial: solistas cantam os versos e o coro canta o refrão;
  Direta: os cantores cantam os versos e não há refrão.

Na relação entre as notas e as sílabas das palavras, e como eram cantadas podemos classificar os estilos:

Estilo:
 Silábico: os cantos em que a cada sílaba do texto corresponde a uma nota somente.
 Melismático: os cantos em que uma única sílaba de uma palavra canta longas passagens de notas.
Neumático: o canto que a maior parte dele é silábica e, em poucas breves passagens, segue um melisma de quatro ou cinco notas somente sobre algumas sílabas do texto.

Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cantoch%C3%A3o
http://www.emdiv.com.br/pt/arte/enciclopediadaarte/662-cantochao-canto-gregoriano.html

quinta-feira, 9 de junho de 2011

A Música Na Idade Média: Introdução



A Idade Média se inicia com a queda do Império Romano, no ano de 476.

O cristianismo se propagou rapidamente e isso exigiu um maior rigor do Vaticano, que unificou a prática litúrgica romana no século VI. O canto gregoriano foi institucionalizado pelo papa Gregório I e se tornou modelo para a Europa católica. Os neumas foram substituídos pelo sistema de notação com linhas, Guido D’Arezzo (992-1050) foi o responsável por esse tipo de notação musical que mais tarde deu origem a atual pauta musical e também designou o nome das notas musicais como as conhecemos hoje, através de um hino a São João Batista:

“Ut queant laxis Resonare fibris Mira gestorum Famuli tuorum Solve polluti Labii reatum Sancte Ioannes”

“Para que os servos possam, com suas vozes soltas, ressoar as maravilhas de vossos atos, limpa a culpa do lábio manchado, ó São João!”

Posteriormente, o nome DO substitui o UT e as sete notas musicais ficaram assim: DO, RE, MI, FA, SOL, LA e SI.




A liturgia e a festividade ligam a música a ritos religiosos (a exemplo do cantochão e do calendário gregoriano), ou àqueles de reminiscência pagã (como as festas da chegada da Primavera).  Também nessa época o amor profano se expressa em todo seu refinamento pela arte dos trovadores. 

O período da música medieval é marcado pela estrutura modal praticada nas himnodias e salmodias, no canto gregoriano, nos organuns polifônicos, nas composições polifônicas da Escola de Notre-Dame, na Ars Antiqua e Ars Nova e ainda na música dos trovadores e troveiros.


Fontes:

http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%BAsica_medieval
http://www.spectrumgothic.com.br/musica/medieval.htm

quarta-feira, 8 de junho de 2011

O Último Pau De Arara

"A vida aqui só é ruim
Quando não chove no chão
Mas se chover dá de tudo
Fartura tem de montão
Tomara que chova logo
Tomara meu Deus tomara
Só deixo o meu cariri
No último pau-de-arara 
Enquanto a minha vaquinha
Tiver o couro e o osso
E puder com o chocalho
Pendurado no pescoço
Eu vou ficando por aqui
Que deus do céu me ajude
Quem sai da terra natal
Em outros cantos não para
Só deixo o meu cariri
No último pau-de-arara" - Luiz Gonzaga




Ouça essa linda versão de O Último Pau De Arara, com Teca Calazans e Heraldo Do Monte:





terça-feira, 7 de junho de 2011

A Música Na Idade Antiga: Roma



  
Sabe-se mais sobre a música grega do que a romana e o que sabemos está no campo da conjectura.  Os romanos não eram muito criativos no que se diz respeito à arte, copiavam de outros povos que conquistaram e por isso podemos que imaginar que a música também foi assim.

Levaram para Roma a sabedoria grega e logo o teatro musical ganhou o interesse e a admiração dos romanos. Após isso, começaram a cultivar manifestações próprias, como acontece nas comédias de Plauto, onde utilizam árias, duetos e coros. Também a lírica grega foi imitada na poética latina: os poemas (carmina) de Catulo e as odes de Horácio, por exemplo, foram pensadas para coro ou solista com acompanhamento de lira, cítara ou harpa.

Na época dos Césares a música foi muito usada para fins de lazer, nas lutas e nos anfiteatros. Surgiram os coros musicais polifônicos com acompanhamento de variados instrumentos. O Hydraulis desempenhou um importante papel nesse período.



Diferentemente dos gregos, os romanos não faziam uma associação da música com a ética. A presença de instrumentos estava em todas as ocasiões na vida romana, desde grandes festivais até o uso discreto e doméstico de instrumentos solo. Regularmente havia concursos musicais e o estudo da música era considerado um sinal de distinção social.

A prática era monódica e a produção sonora se baseava no sistema dos modos gregos. Podem ter tido influência de outros povos: etruscos, asiáticos, africanos e povos bárbaros do norte da Europa. Também usavam o sistema de notação musical dos gregos para transcrever suas composições.

A arte romana deixou várias representações de músicos, mas nenhum deles lendo qualquer notação musical. Os fragmentos de obras encontrados provém do Egito helenístico, com uma variação da notação grega e podem ser dos gregos e não dos romanos.



Alguns instrumentos musicais romanos:

Percussão: sinos, chocalhos, tambores, tímpanos, sistros e címbalos.

Cítara: a palavra Cítara é usada para designar instrumentos de cordas, cujas cordas se estendem inteiramente sobre a caixa de ressonância.

Lira: é um instrumento de cordas tangidas, afinadas segundos as notas de um dos modos, e fixadas em um arcabouço formado com o casco de tartaruga. Era usada para acompanhar recitações e canções.

Hydraulis: é um instrumento de teclas. Empregava água sob pressão para produzir sons através do movimento do ar nos tubos.Veja na foto abaixo:




Fontes:
http://musicantiga.com.sapo.pt/romantiga.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%BAsica_da_Roma_Antiga

segunda-feira, 6 de junho de 2011

A Música Na Idade Antiga: Grécia

  
A cultura musical ocidental tem muita base nos conhecimentos dos antigos gregos. A teoria, escalas, modos e conhecimentos de harmonia são usados até hoje.

Como em muitas outras civilizações, a música na Grécia Antiga também estava ligada as divindades e há muitas histórias míticas sobre a sua origem. Registros diversos indicam que a música era parte integral da percepção grega de como o seu povo teria vindo à existência e de que continuava a ser regido pelos deuses.  Em ritos religiosos, nos Jogos Olímpicos, nas festas cívicas e para apoiar outras artes, a música estava presente.

A música grega se baseava em escalas diatônicas: os modos gregos. Fundamentava-se na ética e na matemática. Pitágoras estabeleceu proporções numéricas para cada intervalo musical.  Seu sistema baseava-se em uma escala de quatro notas - o Tetracorde.  Os intervalos entre essas 4 notas podiam variar e definiam as modalidades diatônica, cromática ou enarmônica, de uma peça musical.



Pitágoras é considerado o fundador do nosso conhecimento sobre harmonia musical. Também é responsável por associar os 7 modos gregos a determinados estados da alma. Por exemplo: o modo dórico era considerado capaz de induzir a um estado pacífico e positivo, o frígio tinha um caráter subjetivo e passional.  Atualmente associamos as escalas maiores a um estado de alegria e as menores a melancolia, introspecção. Pitágoras relacionava a música com a constituição íntima do universo, idéia concebida por relações numéricas perfeitas que produziam a chamada “música das esferas” e que só poderia ser inteligível através do pensamento superior. Por esse motivo havia uma série de regras para composição e execução musical, de forma que esta ecoasse a ordem perfeita do cosmo.

A Grécia Antiga não deixou registros de suas composições. As primeiras menções ocorreram na era Homérica, quando a cultura musical estava em pleno desenvolvimento. A música nessa época era caracterizada por poemas recitados ao som de instrumentos musicais, especialmente a lira, devido a isso recebeu o nome de canto lírico. Estudos dizem que a harmonia era pouco usada e apenas na Idade Média começou a se desenvolver.



O canto tinha uma melodia simples – A Monodia. As melodias padrões (Nomoi) eram usadas em cultos religiosos. A partir disso a música grega evoluiu para a lírica solista, o canto conjunto e o solo instrumental. Depois vieram as grandes tragédias inteiramente cantadas, que marcaram o apogeu da civilização grega.
No século VI a.C. o coro passou a ter importante papel em eventos públicos, religiosos ou laicos, e a lírica coral se tornou um gênero autônomo, elaborando tipos definidos para cada ocasião. Assim, eram entoados ditirambos em honra a Dionísio, peãs para Apolo, epitâmios nos casamentos,  trenodias nos funerais,  partênios como canto de jovens, hinos em louvações e epínicos para os vencedores dos Jogos Olímpicos.  Essas formas dependiam da estrutura e ritmo da poesia.

A rítmica recebeu grande atenção dos gregos antigos e estava intimamente ligada à composição poética.  O primeiro tempo, base do sistema, era definido pela nota breve (U), que duplicada formava a longa (-), a combinação dessas notas formava os pés, que eram os ritmos básicos. A justaposição de pés formava os metros, que por sua vez formavam as frases. Essas se agrupavam em períodos e os períodos em estrofes, seguidos de uma antístrofe (reprise) e de um epodo (final).

Há dois tipos de notação musical: a vocal, que utiliza as letras maiúsculas do alfabeto grego, e a instrumental que utiliza sinais do alfabeto fenício.

Apenas poucos fragmentos de obras musicais da antiguidade existem hoje. Um deles é o breve Epitáfio de Seikilos:


  Instrumentos musicais gregos:



Lira: é um instrumento de cordas tangidas, afinadas segundos as notas de um dos modos, e fixadas em um arcabouço formado com o casco de tartaruga. Era usada para acompanhar recitações e canções.

Diaulos: é uma espécie de flauta com palheta, provavelmente produz um som similar ao clarinete.

Flauta de Pã: se constitui de uma série de tubos fixos juntos, de comprimentos diferentes, através dos quais o ar é soprado pela extremidade superior.

Hydraulis: é um instrumento de teclas. Empregava água sob pressão para produzir sons através do movimento do ar nos tubos.
 

Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%BAsica_da_Gr%C3%A9cia_Antiga
http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=545
http://pt.scribd.com/doc/55975587/Historia-Musica-Grega

domingo, 5 de junho de 2011

A Música Na Idade Antiga: China


Após a civilização chinesa se estabelecer no Huang He (Rio Amarelo), a música começou a ter um papel importante.  Os instrumentos musicais se desenvolveram e os músicos eram muito respeitados na sociedade.

Os chineses acreditavam que as notas em uma música tinham a essência de poder transcendente.  Trechos de música eram fórmulas de energia. Cada composição exercia influências sobre o homem, a civilização e o mundo. A influência mística que uma música exercia dependia do ritmo, da melodia e dos instrumentos usados.  Na compreensão dos chineses, a música era algo livre e poderia ser usada tanto para o bem como para o mal.

Os filósofos trabalhavam para que a música fosse apenas usada para o bem e executadas corretamente. Acreditavam que o homem deveria usar a música para melhorar o seu caráter.

Textos chineses afirmam que a música exerce um grande papel sobre os seres humanos e que esta poderia ter grande influência sobre a natureza emocional e o corpo físico. Mas o mais importante de todos é a influência moral. Se uma música era vulgar e sensual, poderia exercer uma imoralidade ao ouvinte. Por esta razão era muito vigiada.


Os orientais sempre tenderam a dirigir sua atenção para além do mundo terreno.  O ritmo é uma prece e a melodia é uma contemplação.  Nessa busca por Deus, o homem oriental descobriu a divindade e a realidade no componente fundamental de toda a arte tonal – a nota individual.

Na música oriental, uma nota pode ser tocada de várias maneiras: a mesma nota, produzida numa corda diferente, tem uma cor diferente; a mesma corda, tangida pelo dedo indicador ou pelo dedo médio da mão direita, tem um timbre diferente.  A técnica por meio da qual se levam a efeito essas variações de timbre é extremamente complicada: só do vibrato existem nada menos do que vinte e seis variedades. A impressão produzida por uma nota é seguida de outra, de outra mais. Há, uma sugestão compulsiva, inevitável, de um estado de espírito, uma atmosfera, que incute no ouvinte o movimento d’aIma que inspirou o compositor.

Alguns instrumentos musicais chineses:

Pipa:é um instrumento de ponteio que possui uma caixa de ressonância achatada, como formato de meia pêra. O pescoço ou braço comprido em madeira é dividido em tons por filetes, possui quatro ou cinco cordas. As cordas de seda são tocadas com uma palheta de marfim, madeira, osso ou mesmo com a própria unha do músico

Fou: é o mais antigo e tradicional instrumento musical chinês, formado por um vaso de barro ou bronze e tocado com uma baqueta. Sua origem está relacionada às dinastias Xia ou Shang, quando era usado em rituais. Mais tarde, foi usado em rituais confucionistas.

Gugin: literalmente "antigo instrumento de corda", é o nome moderno de um instrumento musical chinês da família das cítaras. Tem mais de três mil anos de existência.
  
Xiao: é um instrumento muito antigo chinês geralmente pensado para ter sido desenvolvido a partir de uma flauta simples fim-soprado pelo povo Qiangdo sudoeste da China. A forma moderna com seis buracos remonta à dinastia Ming.


Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%BAsica_da_Antiguidade
http://soulshinexyz.wordpress.com/2010/02/20/a-musica-na-china/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Categoria:Instrumentos_musicais_da_China

sábado, 4 de junho de 2011

A Música Na Idade Antiga: Índia


A mitologia hindu diz que Shiva ensinou a música aos homens há cerca de 6 mil anos. No entanto, os achados arqueológicos demonstram que é pouco provável que uma civilização sedentária tenha se estabelecido no vale do Indo antes de 2500 a.C.

Após a invasão muçulmana a música passou a ser feita seguindo dois sistemas principais: o do norte (hindustani) e do sul (karnático). Na Índia a música possui muitos modos, que comportam indicações de intervalos exatos, ornamentados, estilo de ataque das notas para formar uma entidade, apresenta uma expressão e um estilo definidos.  Diferentemente do sistema ocidental de música, o sistema hindustani divide uma oitava em 22 intervalos, permitindo assim uma grande variedade de sons.

A evolução na musica da Índia vem dos Vedas, antigos textos escritos em sânscrito. Eram compostos em forma de poesia e cantados com ritmo. Os 4 Vedas:

Rigveda: veda dos hinos.
Yajurveda: veda dos cantos rituais.
Samaveda: veda do sacrifício.
Atharvaveda: veda de práticas curativas e encantamentos. (Este veda tem uma abordagem dupla).




A música indiana é essencialmente improvisada, com caráter emotivo e descritivo.  Não tendo notação gráfica, baseia-se no sistema de ragas que são memorizados pelos músicos e servem de apoio para o improviso.

Rag: é um conceito essencial para se entender a música indiana, a palavra deriva do sânscrito e significa “cor da paixão”.  Deve ser visto como um modo acústico de colorir o pensamento do ouvinte com uma emoção.  Os ragas são modos de 5 a 7 notas e sobre eles é criada toda a música. Cada raga corresponde a um momento do dia ou estação do ano.

Tal: a palavra "tal" significa bater palmas. Esta pode ser considerada a forma mais antiga de acompanhamento rítmico.

Sam: é a primeira pulsação de cada ciclo. As improvisações podem começar em qualquer parte do ciclo e geralmente terminam no Sam.

Khali: é o movimento de onda que a mão faz. É usado para designar o primeiro batimento de cada compasso.

Bol: é uma mnemônica (um auxiliar de memória).  São séries de sílabas que correspondem aos variados batimentos que a tabla produz e definem o tal.

Avartan: é o ciclo da música indiana. Podem ser constituídos por qualquer número de tempos.

Vibhag: são os compassos e podem ter variados números de pulsação.

Matra: é a pulsação, juntamente com o avartan e o vibhag formam os 3 níveis da estrutura do ritmo indiano.

Lay: é a velocidade de uma composição.

O principal instrumento de cordas é a tambura (tampura); os principais instrumentos de sopro são as flautas e uma espécie de oboé. Entre os tambores, os mais importantes são o mridangam e a tabla.



Tambura: é um instrumento musical composto por cordas dedilhadas e braço sem trastes, que costuma acompanhar a música vocal, emitindo um bordão para sustentar a tonalidade nos silêncios.

Oboé: é um instrumento musical de sopro de palheta dupla. O corpo do oboé é feito normalmente de madeira (ébano, jacarandá) e tem formato ligeiramente cônico

Mridangam: é um instrumento de percussão da Índia, especialmente do sul. O instrumento é conhecido como "Deva Vaadyam", ou "instrumento dos deuses". Ao longo dos anos, o mridangam evoluiu para ser feito de diferentes tipos de madeira, devido à sua maior durabilidade.

Tabla: é um instrumento musical de percussão, muito usado na Índia, normalmente em músicas devocionais ou meditativas, tão comum quanto o pandeiro no Brasil. Este instrumento é dividido em dois tambores, um agudo chamado “daya” e um grave chamado “baya”.

Ouça o som da Tambura:





Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura_da_%C3%8Dndia
http://musicadaindia.no.sapo.pt/musica.htm
http://pt.scribd.com/doc/49148820/Musica-Indiana
http://www.ayurveda.com.br/ayurveda/home/default.asp?Cod=272&cat=84